22 de janeiro de 2008
18 de janeiro de 2008
17 de janeiro de 2008
500 ANOS DE FÉ E TRADIÇÃO
EM SANTA MARIA DA FEIRA
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Símbolo de união
Tal como outrora, hoje as gentes do concelho da Feira têm a oportunidade de mostrar o culto a S. Sebastião numa festa que é, acima de tudo, símbolo de união e de identidade colectiva. Manda a tradição que, por ocasião da Festa das Fogaceiras, os feirenses enviem fogaças aos familiares e amigos que se encontrem longe. A fogaça é um pão doce tradicional de Santa Maria da Feira, cujas primeiras referências conhecidas aparecem nas inquirições de D. Afonso III, no século XIII (1254/1284) e que era usada como pagamento de foros. O seu formato estiliza a torre de menagem do castelo com os seus quatro coruchéus. A fogaça é cozida diariamente em várias casas de fabrico do concelho e distingue-se por tradicionais aprestos, quer no preparo, quer na forma como vai ao forno. Os ingredientes base utilizados na confecção desta iguaria são água, fermento, farinha, ovos, manteiga, açúcar e sal. A fogaça é comercializada durante todo o ano e utilizada como voto na Festa das Fogaceiras.
Tradição secular
A Festa das Fogaceiras teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça. S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira. No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias, posteriormente repartidas pelo povo. Assim nasceu a Festa das Fogaceiras. Cumprida em cada dia 20 de Janeiro, esta promessa constitui uma referência histórica e cultural para as Terras de Santa Maria. A Festa das Fogaceiras chegou até aos nossos dias com dois traços essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai da Igreja Matriz, percorrendo algumas ruas da cidade. Com a proclamação da República, acrescentou-se um novo ritual: a formação de um cortejo cívico, a partir dos Paços do Concelho rumo à Igreja Matriz, antes da missa solene, que integra as meninas “fogaceiras”, que levam as fogaças à cabeça, bem como as autoridades políticas, administrativas, judiciais e militares e personalidades de relevo na vida municipal. A procissão festiva realiza-se a meio da tarde e congrega símbolos religiosos, com destaque para o mártir S. Sebastião, bem como uma representação civil, com símbolos autárquicos, económicos, sociais e culturais de cada uma das 31 freguesias do concelho, numa curiosa mistura entre o civil e o religioso. No cortejo e procissão as atenções recaem, naturalmente, sobre as fogaceiras, segundo a tradição “crianças impúberes”, provenientes de todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo. Inicialmente, as “fogaças do voto” eram distribuídas pela população em geral, depois pelos pobres e mais tarde pelos presos, pobres e personalidades concelhias, em fatias chamadas “mandados”. Actualmente, são entregues às autoridades religiosas, políticas e militares que têm jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira.
Fado das Fogaceiras
Fogaceira linda e nova, / Deixa-me tirar a prova / Duma fogaça das tuas;/ Vendendo-as assim a esmo, / São pedaços de ti mesmo / Que vendes por essas ruas.
Quando vais, oh! Fogaceira, / Vender fogaças à feira / Vais tão cheiinha de graças, / Que nos gestos e meneios / As fogaças lembram seios / E os seios lembram fogaças.
Tuas fogaças loirinhas / São certamente irmãzinhas / Das fogaças do teu peito, / Pois nem de outra maneira / Se compreende, oh! Fogaceira, / Quas as vendas todas a eito.
Refrão Fogaceira minha / Que linda que és, / Com a chinelinha / Toda bordadinha / Na ponta dos pés.
Quando vais andando, / Tens o encantamento, / De rosas dançando,/ De lírios bailando / Nas asas do vento. (da autoria de Dr. Paulo Sá Machado)
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NB: Ficam aqui registados os nossos sinceros agradecimentos... quer aos autores dos textos, quer aos autores das fotografias!... Uns e outros, pela excelente qualidade que apresentam e que nos apraz divulgar, estão de parabéns... Parabéns... tomara que no dia 20 a gente se veja por lá!...
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