
500 ANOS DE FÉ E TRADIÇÃO
EM SANTA MARIA DA FEIRA
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Símbolo de união
Tal como outrora, hoje as gentes do concelho da Feira têm a oportunidade de mostrar o culto a S. Sebastião numa festa que é, acima de tudo, símbolo de união e de identidade colectiva. Manda a tradição que, por ocasião da Festa das Fogaceiras, os feirenses enviem fogaças aos familiares e amigos que se encontrem longe. A fogaça é um pão doce tradicional de Santa Maria da Feira, cujas primeiras referências conhecidas aparecem nas inquirições de D. Afonso III, no século XIII (1254/1284) e que era usada como pagamento de foros. O seu formato estiliza a torre de menagem do castelo com os seus quatro coruchéus. A fogaça é cozida diariamente em várias casas de fabrico do concelho e distingue-se por tradicionais aprestos, quer no preparo, quer na forma como vai ao forno. Os ingredientes base utilizados na confecção desta iguaria são água, fermento, farinha, ovos, manteiga, açúcar e sal. A fogaça é comercializada durante todo o ano e utilizada como voto na Festa das Fogaceiras.
Tradição secular
A Festa das Fogaceiras teve origem num voto ao mártir S. Sebastião, em 1505, altura em que a região foi assolada por um surto de peste que dizimou parte da população. Em troca de protecção, o povo prometeu ao santo a oferta de um pão doce chamado fogaça. S. Sebastião, que segundo a lenda padeceu de todos os sofrimentos aquando do seu martírio em nome da fé cristã, tornou-se, assim, o santo padroeiro de todo o condado da Feira. No cumprimento do voto, os ofertantes incorporavam-se numa procissão que saía do Paço dos Condes e seguia pela Igreja do Convento do Espírito Santo (Lóios), onde eram benzidas as fogaças, divididas em fatias, posteriormente repartidas pelo povo. Assim nasceu a Festa das Fogaceiras. Cumprida em cada dia 20 de Janeiro, esta promessa constitui uma referência histórica e cultural para as Terras de Santa Maria. A Festa das Fogaceiras chegou até aos nossos dias com dois traços essenciais: a realização da missa solene, com sermão, precedida da bênção das fogaças, celebrada na Igreja Matriz, e a procissão, que sai da Igreja Matriz, percorrendo algumas ruas da cidade. Com a proclamação da República, acrescentou-se um novo ritual: a formação de um cortejo cívico, a partir dos Paços do Concelho rumo à Igreja Matriz, antes da missa solene, que integra as meninas “fogaceiras”, que levam as fogaças à cabeça, bem como as autoridades políticas, administrativas, judiciais e militares e personalidades de relevo na vida municipal. A procissão festiva realiza-se a meio da tarde e congrega símbolos religiosos, com destaque para o mártir S. Sebastião, bem como uma representação civil, com símbolos autárquicos, económicos, sociais e culturais de cada uma das 31 freguesias do concelho, numa curiosa mistura entre o civil e o religioso. No cortejo e procissão as atenções recaem, naturalmente, sobre as fogaceiras, segundo a tradição “crianças impúberes”, provenientes de todo o concelho, vestidas e calçadas de branco, cintadas com faixas coloridas, que levam à cabeça as fogaças do voto, coroadas de papel de prata de diferentes cores, recortado com perfis do castelo. Inicialmente, as “fogaças do voto” eram distribuídas pela população em geral, depois pelos pobres e mais tarde pelos presos, pobres e personalidades concelhias, em fatias chamadas “mandados”. Actualmente, são entregues às autoridades religiosas, políticas e militares que têm jurisdição sobre o município de Santa Maria da Feira.
Fado das Fogaceiras
Fogaceira linda e nova, / Deixa-me tirar a prova / Duma fogaça das tuas;/ Vendendo-as assim a esmo, / São pedaços de ti mesmo / Que vendes por essas ruas.
Quando vais, oh! Fogaceira, / Vender fogaças à feira / Vais tão cheiinha de graças, / Que nos gestos e meneios / As fogaças lembram seios / E os seios lembram fogaças.
Tuas fogaças loirinhas / São certamente irmãzinhas / Das fogaças do teu peito, / Pois nem de outra maneira / Se compreende, oh! Fogaceira, / Quas as vendas todas a eito.
Refrão Fogaceira minha / Que linda que és, / Com a chinelinha / Toda bordadinha / Na ponta dos pés.
Quando vais andando, / Tens o encantamento, / De rosas dançando,/ De lírios bailando / Nas asas do vento. (da autoria de Dr. Paulo Sá Machado)
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NB: Ficam aqui registados os nossos sinceros agradecimentos... quer aos autores dos textos, quer aos autores das fotografias!... Uns e outros, pela excelente qualidade que apresentam e que nos apraz divulgar, estão de parabéns... Parabéns... tomara que no dia 20 a gente se veja por lá!...
______________________________________ sorielo
4 Comments:
At sexta-feira, janeiro 18, 2008 2:26:00 da tarde,
Anónimo said…
Oláaa Marquezinho
Quem será que te anda a entreter que nem aqui apareces.
Gostei de voltar a lembrar essa festa. Sabia que tinha uma grande historia por tras dessa festa mas so agora fiquei a conhe-la por este trabalho. Pelos vistos continuas grudado nessa terra, ah ah ah!
Olha sabias que já sou vóvó pela 2ª.vez? A Ana teve um menino lindo.
E tu marquez já que não apareces, bem que podias contar aqui alguma
coisa, não achas?
Ou ela(ou elas) são ciumentas? AhAhAh
Beijinhos
Guy
At sábado, janeiro 19, 2008 12:11:00 da manhã,
Anónimo said…
Oi couto.
vc faz as lembranças voltar,
nossa como é bom,viu?
Domingo vamos ao Vila,
encomendamos lá umas fogaças.
Lembramos sempre de vc couto, da fogaça e do vinho do porto, eitá que coisa boa.
Olha só, responde ao meu e-mail, deixa de ser safado, né?
Beijos em seu coração couto.
Caipira bb.
At terça-feira, janeiro 22, 2008 9:56:00 da tarde,
Anónimo said…
Olá
Venho dar-lhe os parabens pelo que me deu a conhecer com estes textos.
Quando a gente conhece a historia das coisas,alem de enriquecer os nossos conhecimentos, começamos a entender melhor os acontecimentos, comoé o caso desta festividade,"Os 20 das Fogaças". Agradeço porque ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer toda a historia. Agoar sim, graças ao seu blog. Só foi pena que o fadinho não tenha a partitura junto.Eu entendo que seja mais dificil,não é?
Mas não se preocupe.
Não é por isso que o blog deixa de ser um sitio agradavel para se visitar.
Beijinhos
Rosymar
At terça-feira, fevereiro 19, 2008 3:41:00 da tarde,
Anónimo said…
é verdade avozinho... Existem fogacinhas maravilhosos e seculentas não é verdade???
Eu cá adoro fogaça...
e tu avozinho???
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